Edição lançada em 29/04/2015
Editorial 12
Rigor exige vigor, e se há algo que emana da precisão de cada plano composto por Manoel de Oliveira, é viço, potência, energia. Ou seja: vida. Não façamos deste editorial, portanto, um obituário, nem voltemos à temática do embalsamamento dos instantes que são os registros fotográficos (vide editorial 7). Celebremos aquilo que pulsa e que assim se manterá – os próprios filmes. No caso aqui, trazidos num recente, mínimo e injusto recorte, considerando a sustância da filmografia em questão: enquanto Álvaro André Zeini Cruz se debate contra a sublimação intempestiva de Singularidades de uma rapariga loura (2009), Phillippe Watanabe tenta decifrar a babilônia em Um filme falado (2003).
Além de Oliveira, nesta 12ª edição, Marcella Grecco continua a se debruçar sobre a ainda breve filmografia de Antonio Campos, desta vez falando sobre Afterschool; enquanto Juliana Maués mune-se de coragem, invade e disseca um certo Solar Maldito, adaptado de um conto de Edgar Allan Poe por Roger Corman em 1960.
E se este editorial não é dos mais vigorosos, esperamos que você, leitor, encontre nos textos alguma voltagem, ainda que seja impossível equiparar-se à carga dos filmes como os de Oliveira ou Corman. Não que esta seja uma culpa nossa; trata-se de uma condição sine qua non da crítica, cuja sina é debater-se com os filmes, sem jamais equiparar-se a eles. Pois ao final de cada texto, fica sempre aquela inquietação da certeza de não ter feito juz à obra. Paciência. Coisas da crítica, que é o que tentamos fazer por aqui (ainda que não tenhamos muita certeza se somos bem sucedidos).
Em todo caso, boa leitura.
Álvaro André Zeini Cruz e Juliana Maués
editores