por Álvaro André Zeini Cruz

A segunda me chegou
Sobre ombros, de través
Decidida, boca ambígua
Olhos de vento à revés
Convidou-me a navegar
E cantou canções do mar
Derramou-se no meu peito
Bocas, braços a enroscar
Desarmou-me tão Solene
Intempestivo coração
Convidou-me a ir à ilha
E, assustado, eu disse
A terceira me chegou
Como quem vinha da Grécia
Platônica parisiense
Agridoce peripécia
Descreveu suas viagens
Em que todas fui ausência
Deixou-me pelo avesso
Deve ser abstinência
Lena tão despudorada
Cantou sobre Ouessant
Mas me obrigava a nada
E, acuado, eu disse
A primeira me chegou
Como quem vinha do mar
Bordejou as outras duas
Sal, sol, sardas, prosear
Pelas orlas à la carte
Longilíneos vaivéns
Margot disse dos acasos
Deu um nome a mim, Gaspard
Foi chegando sussurrante
Tal qual vento de verão
Deu-me tanta liberdade
Que, acovardado, eu disse
Não.
Em cartaz no Sesc Digital e no Petra Belas Artes.