Edição lançada em 29/02/2016
Editorial 19
O Oscar de ontem, 28/02, foi dos mais curiosos, afinal, conseguiu juntar na festinha da “firma”, a produção Hollywoodiana de ponta à ponta: Mad Max e aquilo que Hollywood sempre fez de melhor – ou seja, esse cinema-espetáculo que usa o olhar como sentido a ser encantado e, por que não, assombrado –, e O Regresso, filme que circunda o olhar dessa cortina de fumaça que é a técnica. Ora, não há dúvidas de que o cinema é técnica (e tecnologia!), mas ambas existem para que os filmes transcendam e não para que fiquem ali envoltos em suas traquitanas e brinquedinhos, deslumbrados com si próprios. Nesse sentido, Iñarritu me parece aquele “piá de prédio” (como falam no Paraná) que até sai para brincar na neve, mas sai todo encapotado, com medo de sujar as barras das calças. Filma o pôr-do-sol e vai embora. Enquanto isso, George Miller (creio eu), fazia “esquibunda” no deserto.
Me perdoem se pareço rancoroso; enquanto lá em L.A. cometiam a heresia de esnobar Stallone, no Oscar aqui em casa, tinha pizza e brigadeiro, então, tudo certo. Deixemos de amargura, embora ainda haja uma pequena dose dela em meu texto sobre o dito cujo, o tal de O Regresso [ou O Retorno (PIRES, 2016, web)]. Em compensação, me desvencilho de todo esse horror falando de Carol, assim como Felipe Cruz, que versa bonito sobre a beleza – ou, mais especificamente, sobre Minha Mãe, de Nanni Moretti. Por fim, em colaborações especialíssimas e um tanto quanto provocadoras, Miguel Haoni fala sobre Mostre a língua, moça, enquanto Mateus Moura escreve uma carta para ninguém menos que Chantal Akerman.
E para não correr o risco de falar demais, faço a Glória – “não sou capaz de opinar” – e deixo aqui este editorial curtinho. Porque eu até sou capaz, mas o tempo urge, o primeiro número de 2016 tem que entrar no ar e é isso aí.
Boa leitura!
Álvaro André Zeini Cruz
editor